Na base do Morro do Pititi, na face leste, havia um cemitério indígena onde foram encontradas ossadas humanas antigas. Este afloramento rochoso tem aproximadamente 70 metros de altura, 150 metros de diâmetro e 600 metros de perímetro. O morro é também conhecido como “pedra do cachorro” devido à sua semelhança com um cão da raça São Bernardo quando visto de leste.
O nome “pititi” é de origem tupi e refere-se a uma prensa usada para secar a massa de mandioca e produzir farinha. No entanto, não se sabe ao certo a razão da associação do morro com essa prensa, mas é possível que os indígenas tenham realizado atividades relacionadas no local.
Em 1969, Sebastião França Cavalcanti, então com 40 anos, encontrou as primeiras ossadas humanas pré-históricas da região enquanto procurava tesouros de civilizações antigas. As ossadas apresentavam fraturas intencionais e indícios de matéria orgânica, sugerindo práticas funerárias distintas das observadas em outras áreas do Nordeste brasileiro. Foram também encontrados colares feitos de dentes de caititu, cerâmicas, restos de fogueiras e camadas de carvão. Em camadas mais profundas, foram achadas facas de pedra lascada e raspadores.
AJá na pedra do Cachorro a primeira ossada encontrada era de um homem entre 35 e 45 anos, com cerca de 1,63m de altura. A segunda ossada pertencia a uma criança de aproximadamente 3 anos, possivelmente do sexo feminino, conforme análise óssea realizada por Ana Solari e outros técnicos. Os cadáveres eram cremados antes do sepultamento, mas às vezes eram cobertos com terra antes de serem completamente consumidos pelo fogo, resultando em partes chamuscadas.
A escassez de materiais de uso pessoal indica que o local era exclusivamente um cemitério, e não uma área habitacional.
Quem chega à vila do Catimbau pode ver o Morro do Pititi à distância, impactado pela beleza cênica do parque. O acesso se dá por uma estrada de barro e areia, que não dificulta a passagem de carros ou motos, mas apresenta desafios para ciclistas, que podem precisar caminhar alguns trechos. O morro está em uma propriedade particular, cercado por arame farpado, e atividades agrícolas ou construções na área são proibidas pelo ICMBio, órgão que administra o Parque Nacional.
Referência:
SOLARI, Ana; PEREIRA, Anderson Alves; ESPINOLA, Carolina Sá; MARTIN, Gabriela; COSTA, Ilca Pacheco da; SILVA, Serafim Monteiro da. Escavações arqueológicas no abrigo funerário pedra do cachorro, Buíque-PE. Clio Arqueológica 2016, V31N1, pp. 105-135.